Polícia prende comerciante que usava Instagram para ''criar situações'' e abusar de crianças e adolescentes

Suspeito teria cometido abusos enquanto vítimas estavam dormindo ou então em festas, piscinas, ônibus e em outras ocasiões. Outro homem também é procurado

Da Redação


A Polícia Civil prendeu um comerciante que "criava situações", usando principalmente o Instagram, para iniciar conversas com crianças, adolescentes e, em seguida, marcar encontros em Água Clara.  

Segundo o delegado Felipe Madeira, responsável pelas investigações, sete vítimas já foram ouvidas, com idades entre 9 a 16 anos, além de uma jovem de 18 anos, no qual teria ocorrido a importunação ofensiva do pudor.  

"Nós recebemos a informação no início da semana, não só do comerciante como de um funcionário público e, prontamente, já demos uma resposta. Nós pedimos as prisões temporárias de ambos, mas, o judiciário negou inicialmente, Com as buscas, encontramos material que comprovava os crimes e aí conseguimos a prisão preventiva do comerciante. Diante às provas, ele confessou tudo com detalhes", afirmou ao "G1" o delegado.  

No caso das crianças, o delegado falou que elas prestaram depoimento com apoio de uma psicóloga e, desta forma, a polícia foi delineando o modus operandi do suspeito. "Ele era um oportunista, na verdade, já que criava situações e estas situações facilitavam o encontro dele com as vítimas. Ele abusava de crianças enquanto estavam dormindo, de adolescentes embriagadas em festas, piscinas, ônibus e em outras situações" comentou Madeira.  

Em todos os casos, ainda conforme o delegado, houve a preocupação com a falta de monitoramento por parte dos pais. "Esses casos estão aumentando na cidade. Não sei se a pandemia é uma consequência, porém, verificamos extensas conversas desse indivíduo sem que os pais, professores e responsáveis ficassem sabendo, por exemplo. Houve situações em que ele trocou fotos com menores e isso por si só já é crime", explicou.  

De acordo com a polícia, o comerciante procurava perfis de possíveis vítimas e começava comentando as fotos. "De imediato, ele já tentava marcar encontros ou então comparecia em eventos nos quais as vítimas estavam. São crianças e adolescentes que saem sozinhas, dormiam na casa de outras pessoas e é aí que ele se aproveitava para praticar os abusos", ressaltou.

Denúncia ocorreu após 10 meses

Na última segunda-feira (15), quando a denúncia chegou ao conhecimento da polícia, as vítimas prestaram depoimento e falaram que, a maioria dos crimes, teria ocorrido em setembro de 2019.

Delegacia de Água Clara onde ocorre investigação de suspeitos de abuso sexual - Foto: Polícia Civil/Divulgação

"O fato chegou ao nosso conhecimento somente após quase um ano. Acredito que as vítimas ficam preocupadas em se expor, mas, todos precisam pensar que, enquanto o abusador se sente seguro, vai continuar fazendo novas vítimas. É um caso atrás do outro no caso do comerciante e ele acredita realmente na impunidade", argumentou.  

Conforme Madeira, é muito importante as pessoas confiarem na Polícia Civil e no Ministério Público. E, caso não queiram ser expostas, usem a denúncia anônima, que pode ser feita até pela internet. "A punição a ele foi muito rápida, após três dias. E vamos agir assim cada vez que recebermos denúncias do tipo. A delegacia praticamente para e dá prioridade a estes casos.

O comerciante agora vai responder por estupro de vulnerável, estupro, enviar e receber conteúdo pornográfico de menor de idade e importunação ofensiva ao pudor", explicou.  

Além do comerciante, a polícia também procura um funcionário público, que está afastado e foi considerado foragido da Justiça. "No caso deste outro temos a confirmação de apenas uma vítima, porém, outras podem aparecer. Nós estivemos na residência dele, para cumprir o mandado de busca e apreensão, porém, testemunhas disseram que ele já não vai ao local há alguns dias e estaria fora da cidade", finalizou.  

Operação Cosme e Damião A operação conjunta da Polícia Civil e Ministério Público ocorreu nessa quarta (17) e quinta (18), com o objetivo de reprimir o abuso sexual de crianças e adolescentes. Houve o cumprimento de uma prisão preventiva, um afastamento de cargo público e dois mandados de busca e apreensão; além da apreensão de objetos eletrônicos com provas materiais dos crimes.  

O nome da ação é em referência os santos protetores das crianças. Cosme e Damião foram médicos que faziam caridade aos pobres, curando suas enfermidades, além de proteger e abençoar crianças e jovens.   A pena de estupro de vulnerável é de 8 a 15 anos e a de estupro de 6 a 10, sendo ambos os crimes hediondos, nos termos da lei. Com G1/MS

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